Diocese de Viana

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Sabor da Palavra › 18/02/2019

Pedro então disse “Não tenho ouro e nem prata”

Pedro então disse: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda! (cf. AT 3, 6).

O Apóstolo Pedro, tem uma certeza e uma consciência clara de sua condição de vida. Ele mesmo diz não ter ouro nem prata. Sua riqueza é outra. Ela veio a este mundo, mais não pertence a este mundo. Pedro não tem ouro nem prata, mas sabe que tem o mais importante para viver. Sabe que tem o mais essencial e sublime para fazer os outros viverem também. Sabe que tem algo muito mais valioso que a riqueza deste mundo: ouro e prata não podem comprar. Que riqueza é essa? A riqueza que Pedro tem é a sua fé em Jesus Cristo o Nazareno o Filho Amado de Deus. E, está fé cura, salva, liberta e, nos faz andar, como bem notamos nesta passagem bíblica dos Atos dos Apóstolos.

O homem coxo de nascença pede a Pedro e João esmolas, “Pedro e João subiam para o Templo para a oração da nona hora. Neste momento traziam lá um homem, coxo de nascença, que todos os dias era colocado à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas. Quando viu Pedro e João entrarem no templo, o homem pediu uma esmola” (At 3, 1-4). O homem pediu aos amigos e discípulos de Jesus esmolas para seu sustento, no entanto, Eles lhe dão em nome do poder glorioso de Jesus a cura, cura esta que acontece em nome de Jesus, ou seja, é no nome de Jesus que acontece o dom da salvação na vida e na história deste homem coxo de nascença. Logo, nota-se que, o nome de Jesus expressa o poder transformador de Deus na história e na vida de todas as pessoas.

O dom da cura como vimos realiza-se do seguinte modo: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (AT 3, 6). O verbo levantar na Sagrada Escritura é muito importante, por isso, iremos aprofundá-lo.

A ordem “levanta-te” foi dirigida ao homem de mão seca (Lc 6,6-11), ao filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17), ao leproso que retornou (Lc 17, 11-19), ao cego Bartimeu (Mc 10,46-52) e em outras ocasiões. O fruto era seguro: quando a pessoa se levanta, recebe o dom da cura, recebe o dom da salvação. Nesse sentido, motivados pelas palavras de Pedro, o homem coxo de nascença levanta não para receber esmolas e, nem para receber ouro ou prata, mas para receber o dom da cura, o dom da libertação, o dom da felicidade, o dom da dignidade humana diante de Deus e dos homens.

“Homens de Israel, por que estais admirados o que aconteceu? Por que ficais olhando para nós, como se tivéssemos feito este homem andar, como nosso próprio poder ou piedade? O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou o seu servo Jesus”. (AT 3, 12-13). Assim, portanto, como Deus glorificou seu Amado Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, ele também pela força da palavra proferida em nome de Jesus por intermédio do Apóstolo Pedro, Deus glorificou este homem coxo de nascença, Deus realizou maravilhas na vida deste homem, e quer realizar maravilhas em nossa humanidade e em nossas famílias.

“Graças à fé no nome de Jesus, este Nome acaba de fortalecer este homem que vedes e reconheceis. A fé que vem por meio de Jesus lhe deu perfeita saúde, à vista de todos vós”. (AT 3, 16). Algo diferente aconteceu na vida deste homem. A fé dos Apóstolos: Pedro e João suscitam a segurança, a força e a esperança para que este homem possa não somente levantar, mas também andar.

“Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima (Lc 21, 28). A libertação pela força performativa da palavra de Pedro chegou aos ouvidos e ao coração deste homem, a libertação realizou-se e se fez presente em sua vida.

Andar significa em grosso modo, está em movimento diário e constante. Muitas vezes andamos pelas estradas da vida sem perspectivas, sem esperança, sem sonhos e projetos. Muitas vezes nossa “alma” anda abatida e deprimida por causa das dores e tristezas deste mundo. Nossas famílias andam muitas vezes sem sonhos e projetos, nossos jovens andam sem sentido, sonhos e projetos.

Assim como Pedro, cada um de nós cristãos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, somos chamados por Deus, a curar, a libertar nossa sociedade do mal e do vazio espiritual que nela existe. Não temos ouro nem prata. Mas temos o que devemos ter e dar à sociedade contemporânea. Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.

Temos muitos desejos em nosso corpo. Eles nos fazem sonhar, amar, desejar e esperar. Eles também nos podem aprisionar, matar e nos afastar do projeto primeiro de Deus. Quando isso acontece Deus intervém de muitos modos e nos aponta novamente o caminho reto e verdadeiro. Porém Deus respeita nossa liberdade. Temos desejos de vida e de morte dentro de cada um de nós.

Naqueles dias, o profeta Elias pôs-se a caminho e foi a Sarepta. Ao chegar às portas da cidade, encontrou uma viúva a apanhar lenha. Chamou-a e disse-lhe: Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber. Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse: Por favor, traz-me também um pedaço de pão. Mas ela respondeu: «Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus, eu não tenho pão cozido, mas somente um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite na almotolia. Vim apanhar dois cavacos de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho. Depois comeremos e esperaremos a morte. (1 Rs 17, 10-12).

O desejo primeiro da viúva de Sarepta era comer e depois esperar a morte. Por outro lado, o desejo do profeta Elias, era comer para saciar a sua fome e, depois ir anunciar a Palavra de Deus à rainha Jazabel, que vive no luxo e na riqueza, desprezando os pobres.

O profeta é aquele que deve suscitar a esperança no coração do povo, é aquele que deve suscitar inspirado pela Palavra do Senhor o desejo de viver, o desejo de uma vida feliz. Isso é o que acontece com a viúva de Sarepta. Ela e toda a sua casa, além, de comerem o pão; são convidados a viverem e a encontrarem um nosso direcionamento para sua vida, pois o Senhor dos senhores está ao seu lado.

O desejo do homem coxo de nascença na porta do Templo era a obtenção das esmolas. Mas Pedro em nome de Jesus lhe dar a cura. Elias pede à viúva, pão para comer, mas ela diz que não tem e, de fato não tinha mesmo. Contudo, a Palavra transformadora de Deus muda o curso da história e da vida desta pobre viúva. E faz com que o desejo de Elias fosse satisfeito. Ele comeu. Ela também.

Meus irmãos e irmãos quando “deixamos” que Deus realizasse maravilhas em nossas vidas, tudo se transforma em fonte e manancial de vida e de amor. “Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo. O Senhor é minha força, meu louvor e salvação. Com alegria bebereis no manancial da salvação e, direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor”. (Is 12,2-4).

A sociedade atual é marcada por um grande individualismo. Nesta sociedade, muitas vezes quase não existe espaço para a fraternidade e a solidariedade. Estamos numa sociedade onde o “eu” vale muito mais do que o “nós”. Eu tenho a melhor roupa, eu tenho o melhor e o mais moderno Notebook, Tablet e Iphone.

Precisamos resgatar o gosto de doar a vida, mais não de qualquer forma, mas por amor. Pedro em seu gesto solidário e fraterno para com o coxo de nascença lhe deu amor, atenção, fraternidade, mas, sobretudo, lhe deu a “vida” e a cura.

Quantas pessoas da nossa sociedade precisam de nossa atenção, precisam de nosso olhar, precisam de nossas palavras, precisam e necessitam do nosso abraço e do nosso amor. Quantas pessoas e quantas famílias precisam ser curadas e escutadas. “Eu amo o Senhor, porque ele escuta o clamor de minha prece. Porque inclinou para mim seu ouvido, quando, nos dias, o invoquei. Rodearam-me os laços da morte e as angustias do Xeol me encontraram. Encontrei tribulação e dor, mas eu invocava o nome do Senhor: Ó Senhor, salva a minha vida!” (Sl 116, 1-4).

Este salmista preservado da morte, agradece a Deus e sente-se renovado no amor e na fé. Nesta presente reflexão-oração, o salmista nos ensina e nos mostra o caminho para a vida, nos mostra o caminho da cura e da libertação. Mas primeiro ele tem consciência que ama o Senhor, mas porque, porque Deus os escuta, Deus lhe dá atenção, Deus se inclina para ouvir seu clamor. Aqui está a chave primeira e essencial para vivermos. Escutar, aquele que pode nos curar, nos salvar e nos libertar. Mais como? O invocando: “mas eu invocava o nome do Senhor: Ó Senhor, salva a minha vida!” (Sl 116, 4).

Fraternalmente
Seminarista Anderson da Silva Galvão

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