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Notícias da Diocese › 27/08/2020

27 de agosto: dia em que os ‘dons de Deus’ foram para a glória

Os bispos Hélder Câmara, Luciano Mendes e José Maria Pires foram incansáveis profetas à serviço da Igreja

À partir da esquerda: dom José Maria Pires, dom Helder Câmara e dom Luciano Mendes de Almeida (Wikimedia)

Carlos César Barbosa*

Três dons. Três bispos cujas vidas apontaram para Deus de maneira clara e radical. Dom Helder Câmara foi arcebispo de Olinda e Recife entre 1964 e 1985. Morreu em 1999, aos 90 anos. Dom Luciano Mendes de Almeida, SJ, foi arcebispo de Mariana entre 1988 e 2006, ano de sua morte. Dom José Maria Pires, que morreu em 2017 aos 98 anos, governou a arquidiocese da Paraíba entre 1965 e 1995.

Para além, da mesma data de morte, 27 de agosto, o que estes três homens têm em comum? Em que podem nos inspirar?

Helder foi um profeta de Deus, um “santo rebelde”, um verdadeiro “dom da paz”. Com seu carisma ímpar atraía o Brasil e o mundo, dando-lhes esperança. Luciano, jesuíta, também profeta, mestre do discernimento e do serviço, sempre se colocava como alguém disposto a ajudar. José, de igual modo profeta, era o homem do sorriso e da alegria. Foi o primeiro bispo negro do Brasil e carregava consigo o poder do diálogo e da palavra certa nos momentos certos.

Todos estes três foram pastores que apascentaram os seus rebanhos com o cajado do serviço e da fraternidade. Foram líderes que souberam conjugar com coerência evangélica o dizer, o viver e o fazer.

Quando vemos a história de homens como Helder, Luciano e José intuímos que o amor, a misericórdia, a compaixão e a justiça não apenas são possíveis, mas urgentes. Foram profetas, mestres, discípulos, amigos, vanguardistas. Souberam dar respostas e provocar perguntas pertinentes (e incômodas) à época em que viveram e lutaram. Cada um a seu modo, sofreu as consequências de suas opções fundamentais por Jesus.

Incansáveis no serviço à Igreja, caminharam junto aos pobres e como eles. Anunciavam a Boa Nova, mas também denunciavam as injustiças e as violações de direitos humanos. Para eles a fé passava por um compromisso com a causa dos sofredores e excluídos da sociedade. Eram homens da palavra, homens de Igreja, homens do povo de Deus. Basta que vejamos a história de vida de cada um, para logo percebermos que as suas escolhas foram radicais, possíveis e definitivas, completamente em favor do Evangelho de Cristo.

Portanto, para além da data da morte, estes três bispos têm impressos em suas biografias uma longa jornada de luta por um mundo mais justo e fraterno, na defesa dos mais pobres. Lembrá-los e invoca-los como exemplos de humanidade e santidade nos provocam a desejar uma Igreja cada vez mais servidora e próxima dos que sofrem. Seus gestos, suas palavras e seus escritos merecem ser conhecidos, revisitados. Fazer memória desses três dons de Deus para Igreja do Brasil é, portanto, desejar que o testemunho profético deles se converta para nós num apelo ao serviço, ao cuidado e à justiça.

Domtotal
*Carlos César, é jesuíta, bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e estudante de Filosofia na Faculdade Jesuita (FAJE), em Belo Horizonte

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