“Temos que voltar a ter maior serenidade”, afirma dom Odilo, sobre as críticas ao Papa (Vatican Media)
A mídia social dá voz até a ondas “obcecadas e quase irracionais” de críticas ao Papa Francisco. A praça virtual, porém, também abre espaço a referências católicas brasileiras como Pe. Zezinho e dom Odilo Scherer que defendem publicamente o Santo Padre e lamentam atitudes de “grupos que respondem em rebanho com a mesma formação ideológica”, pretendendo “desmoralizar o Papa perante a própria Igreja. Isso deve ser superado de todas as formas”, afirma o arcebispo de São Paulo.
Silvonei José, Andressa Collet – Cidade do Vaticano
A maior praça pública do mundo não fica muito longe de casa. E nem do Vaticano. Com o avanço da tecnologia, os ambientes sociais são de fácil acesso a todos com uma conexão à Internet. Assim, as redes sociais viraram um fenômeno global de transmissão de informação e divulgação de cultura e de lazer, mas, também, de fácil difusão de difamação.
Nesse contexto, nem o Papa Francisco e a Igreja foram poupados, o que rendeu defesa por parte de referências católicas ativas na mídia social brasileira. O Pe. Zezinho, em tweet de 17 de fevereiro, em seu perfil oficial @padrezezinhoscj, afirmou:
“O que leva os agressores a ofender o Papa Francisco não é a fé. É a política. São católicos radicais, liberais e ultraconservadores contra a esquerda e o comunismo, que não tendo lido os documentos sociais da Igreja pensam mais politicamente e do que catolicamente!”
Horas antes e no mesmo dia, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, no seu perfil oficial no Twitter, @DomOdiloScherer, também se manifestou em defesa do Papa Francisco ao escrever:
“Por esses dias estão sendo publicadas muitas asneiras sobre o Papa. Quem é Católico, use apenas o bom senso e não se deixe levar por reflexões inflamadas. As mentiras e calúnias têm vida curta. Entre um franco atirador oportunista e o Papa, fique com o Papa e a Igreja.”
Em declaração a Silvonei José, da redação brasileira do Vatican News, dom Odilo ponderou a sua defesa ao Santo Padre. Veja, na íntegra, as considerações do arcebispo de São Paulo sobre o que considerou “uma onda obcecada, quase irracional” de críticas a Francisco:
“É, de fato, houve uma onda muito grande de críticas ao Papa e, naturalmente, a todos aqueles que se posicionaram a favor do Papa e procuraram explicar, defender o Papa, esclarecer as coisas, foram igualmente execrados e criticados. Eu mesmo tomei a iniciativa de dizer alguma coisa através das mídias sociais a esse respeito e eu pude experimentar, naturalmente, toda uma onda, eu diria, uma onda obcecada, quase irracional onde não se tem condições de fazer um diálogo, um raciocínio de levar as pessoas às razões porque se responde simplesmente apaixonadamente e com uma posição já pré-definida, uma posição de ódio, que não tem base, não tem base.
Infelizmente está dentro de um contexto mais amplo. É o contexto dessa polarização que nós vivemos, não só no Brasil, mas se vive um pouco em todo mundo essa polarização ideológica entre direita e esquerda, extrema direita e extrema esquerda, e onde não se pensa em diálogo, mas simplesmente em destruir quem pensa diferente da gente. E destruir, no caso do Papa, significa tirar dele ou manchar a autoridade moral e até a autoridade religiosa. São coisas assim muito estranhas em dizer que o Papa não me representa, ou o Papa é comunista, ou o Papa é um falso Papa. Coisas que não têm absolutamente nenhum fundamento, nenhuma explicação, mas foi o que mais se falou e mais se ouviu através das mídias sociais, naturalmente grupos que respondem em rebanho que tem uma mesma formação ideológica e que simplesmente mergulham neste mesmo pensamento de grupo, sem pensar e sem se colocar as razões daquele que estão afirmando. Isso é muito lamentável.”
“Nós temos que voltar a ter maior serenidade, a também pensar antes de a gente colocar coisas nas mídias sociais porque isso tem repercussão sobre outras pessoas. E, muito mais, quando se volta contra, por exemplo, o Santo Padre, contra o Papa, e pretendem desmoralizar o Papa perante a própria Igreja. Isso está acontecendo, pretendendo tirar a autoridade do Papa perante a própria Igreja. Semeiam, portanto, um clima de hoje para dentro da própria Igreja e isso é muito ruim, é muito ruim. E, portanto, deve ser superado de todas as formas.”
Fonte: Vatican News