Homilia por ocasião do encerramento do Ano Jubilar da Diocese de Viana 19 de novembro de 2022
Saúdo com renovada esperança os padres, Diáconos, Seminaristas, religiosas, os missionários, missionárias, leigos e leigas…
Saúdo com gratidão em nome do Pe.Olivan, nosso coordenador pastoral, todas as comissões que organizaram este e os demais eventos do ano jubilar diocesano.
Saúdo respeitosamente o Sr. Prefeito Municipal de Viana, Sr. Carlos Sidreira, sua esposa Sra. Cleisane e a Vice-Prefeita Sra. Regina Machado, Sra. Conceição Cutrim, prefeita de Olinda Nova, Sr. Nato da Nordestina, Prefeito de Vitória do Mearim, o Sr. Prefeito de Penalva, o Sr. Saulo, Secretário de educação de São João Batista, vereadores e vereadoras e as demais autoridades civis, com gratidão pelo apoio e patrocínio para os custos desse evento católico.
Saúdo com alegria o poeta e cantor das Comunidades, Zé Vicente. Saúdo as caravanas de fiéis aqui presentes provindos das 27 paróquias da nossa Diocese e os que nos acompanham pelas plataformas digitais.
Nossa diocese está em festa! Hoje aqui nos reunimos para celebrar as alegrias vividas e com um coração voltado para o Senhor que nos concede todo bem e toda graça! Comemoramos esta data para intensificar o sentido de pertença e fortalecer a unidade diocesana.
Um povo que cultiva sua memória é um povo com identidade, com referenciais, com raízes sólidas e profundos laços de união. Neste ano em que celebramos os sessenta anos de criação da Diocese de Viana, com gratidão e júbilo, fazemos memória dos acontecimentos que deixaram marcas nos corações do povo de Deus que aqui habita.
A Diocese de Viana foi criada por São João XXIII em 30 de outubro de 1962, no impulso dos ventos novos que sopravam sobre a Igreja, na abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. O Papa Bom, como ficou conhecido, convocou o Concílio Vaticano II, abrindo os horizontes da Igreja para a sua missão evangelizadora no mundo contemporâneo, com coragem, sabedoria e a serenidade próprios do seu jeito simples de ser.
Nosso país atravessava um tempo de muita ebulição política, uma fase que desembocou numa das páginas mais tristes da nossa história, a ditadura militar de 1964, mas também este foi um período em que os movimentos populares mais se organizaram e se tornaram combativos pela democracia, não obstantes as perseguições e torturas impostas. Intervenção militar, nunca mais! Democracia sempre!
A Igreja Católica passava por grandes mudanças. Muitos padres, bispos, religiosas e leigos, unindo fé e política, começavam a se voltar para os problemas sociais dos trabalhadores urbanos e do campo. A partir do Movimento de Educação de Base (MEB), religiosos se engajam em mobilizações de organização de associações e sindicatos no campo e na cidade.
Nessa conjuntura eclesial experimentávamos uma forte dinâmica evangelizadora, marcada pela renovação eclesial à luz do Concílio, vivemos experiências significativas no campo da Bíblia, da Catequese, da liturgia e das Comunidades Eclesiais de Base.
Lembramos com saudade dos missionários da primeira hora, que sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição, entregaram-se com total generosidade e zelo pela missão semeando a semente da fé nestas terras férteis da Diocese de Viana: Monsenhor Manoel Arouche, Pe. Eider Furtado, Monsenhor Wilson Cordeiro, Monsenhor Ângelo Pinto Borges, Pe. Chagas Vasconcelos, Monsenhor Sérgio Ielmetti, Pe.Franco Manetti, entre outros. O vigor missionário desses apóstolos não reconheceu os limites impostos pelas longas distâncias e pelas poucas e precárias estradas, muitas vezes apenas um caminho de barro que só se trafegava no período de verão e as viagens por água muitas vezes apresentavam perigos.
Deus seja louvado por tantas mãos humanas que fizeram e fazem parte desta história: os bispos: O primeiro bispo Dom Hamleto de Angelis, o segundo bispo Dom Francisco Hélio Campos, o terceiro Dom Adalberto Paulo da Silva, o quarto Dom Xavier Gilles, o quinto Dom Sebastião Lima Duarte e Dom Evaldo Carvalho, bispo atual. Lembramos também dos administradores diocesanos: Monsenhor Mário Cuomo, Dom Ricardo Pedro Paglia(Administrador Apostólico) e Pe.Giuseppe Luigi Spiga (aqui presente). A eles nossa sincera homenagem.
Além dos pastoreio dos bispos, devemos destacar também o protagonismo de inúmeros sacerdotes diocesanos, Fidei Donum, comunidades religiosas, aqui destaco os Padres Dehonianos que chegaram na diocese em 1968, seis anos após a sua criação. Uma geração de cristãos leigos e leigas, boas lideranças, dedicados e comprometidos com a evangelização e com a defesa da vida em nossa diocese.
A melhor forma de homenagear esses irmãos e irmãs é reafirmando nossa fidelidade de seguirmos adiante o legado que eles nos deixaram, acolhendo sempre os novos desafios da evangelização.
O lema do Ano Jubilar, “Avancem para águas mais profundas”. (Lc 5,4), nos impulsionou a irmos para as águas mais profundas da nossa história diocesana, realizamos durante o ano de 2022:
– A peregrinação da imagem da padroeira da Diocese, Nossa Senhora da Conceição, por cada uma das nossas paróquias;
– O Jubileu Diocesano por cada setor pastoral;
– O Jubileu diocesano por cada área pastoral, com a realização do Sacramento da Crisma;
– O Jubileu das famílias, com a realização de casamento comunitário;
– Jubileu dos leigos e leigas;
– O Jubileu da Vida Religiosa.
Tudo realizado em ação de graças pelo passado, como oferta para o presente e compromisso com o futuro. Quanto empenho, quanta dedicação, quanto amor partilhado, quanto serviço!
Fazer memória nossa história é saboreá-la de novo, ressignificar os fatos, reciclar acontecimentos, processar vivências e experiências. Celebrar a nossa história significa caminharmos para o interior do mistério dessa mesma história, deixando-nos questionar, iluminar e mobilizar por ela. Deus desce à nossa própria história, iluminando-a e carregando-a de sentido. A nossa história torna-se lugar de revelação, a montanha sagrada, a sarça ardente que queima e não se consome. Nos distanciamos dos acontecimentos para percebê-los sob nova perspectiva, para captar outros sentidos escondidos neles e ressignificá-los.
A memória nunca é uma experiência vazia, mas algo pleno, uma faculdade que finca suas raízes no coração da existência.
A celebração deste jubileu não termina nesta festa! Continuamos a caminhada com uma nova etapa, assumindo novos apelos e desafios. Com isso, reiniciamos um novo caminho de aventura, que consiste não só em receber e celebrar a história, mas em atualizá-la, reescrevê-la e confirmá-la.
O Espírito Santo que nos conduziu até aqui, seguirá nos conduzindo, mostrando-nos o caminho a seguir, iluminando os passos a serem dados e fortalecendo-nos na missão. Olho com esperança o presente e o futuro da nossa amada Diocese de Viana, confiando na graça de Deus e contando sempre com a oração, o apoio fraterno e a colaboração de tantos irmãos e irmãs aqui presentes.
Conosco vai a nossa padroeira Nossa Senhora da Conceição, acompanhando-nos com sua materna intercessão e exemplo, convidando-nos a “fazer tudo o que Jesus disser, a fim de que a Igreja em Viana seja cada vez mais, uma Igreja que escuta o que Jesus diz e cumpre a sua Palavra; Igreja de discípulos-missionários em comunhão, participação e missão.
Viva a Diocese de Viana, viva o santo Povo de Deus! Viva Jesus Cristo! Viva Nossa Senhora da Conceição!
Dom Evaldo Carvalho dos Santos, C.M
Bispo Diocesano