O longo caminho de conversão
No ano seguinte, Aiku convidou o bispo de Caiena para passar dez dias com a sua família na floresta pluvial. O encontro foi uma ocasião de intercâmbio entre os dois homens. “À noite – recorda Dom Lafont – pedia uma história de Wayana e depois contava uma história da Bíblia. Sua esposa falava no idioma Wayana e Aiku traduzia”. Pouco depois, em 2009, o ameríndio foi convidado pelo “Secours catholique de Guyane” a participar do Fórum Social de Belém, no Pará, como representante dos povos ameríndios. Em 2010 foi chamado pelo bispo, com sua esposa e outros ameríndios, ao Sínodo da Igreja diocesana da Guiana, na época Aiku ainda não tinha sido batizado. O próprio Dom Lafont admite: “Nunca lhe pedi se queria receber o Batismo”.
Enquanto isso, a ideia da conversão abriu caminho no coração de Aiku. “A minha vida mudou”, explica recordando dos dias após a cura de sua doença. Primeiro dirigiu-se aos evangélicos, muito presentes na sua vida, mas eles não o acolheram. Aiku dirigiu-se então à Igreja Católica e pediu o Batismo. Propôs à sua esposa que o acompanhasse no caminho de conversão. Mas ela sentia-se mais próxima dos evangélicos, com os quais participava do coral nos domingos, também sem batismo. Por fim aceitou e uniu-se ao marido.
“Vivemos algo extraordinário”. O bispo Lafont recorda a viagem na floresta em 24 de dezembro de 2012: “Naquela manhã, Aiku e sua esposa casaram-se no civil, e à tarde os batizei e celebrei a Missa do Galo na casa deles, éramos sete ou oito. No dia seguinte, durante a celebração eucarística, Aiku pediu que eu celebrasse o seu casamento religioso”. Sem qualquer dúvida, aquele foi um Natal inesquecível para Aiku, sua família e para seu bispo.